Antes
o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que
a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A
ave passa e esquece, e assim deve ser.
O
animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra
que já esteve, o que não serve para nada.
A
recordação é uma traição à Natureza,
Porque
a Natureza de ontem não é a Natureza.
O
que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa,
ave, passa, e ensina-me a passar!
Alberto
Caeiro
Linda postagem, Luisa!
ResponderEliminarA foto é um encanto, os versos de Caeiro, encanto são.
«Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!»
Beijo.
Um poema desencantado, este, onde o heterónimo de Pessoa realça o voo da ave.
ResponderEliminarA fotografia está genial. :)
Maravilhosa publicação :))
ResponderEliminarHoje:- Anunciando a Primavera.
Bjos
Votos de uma óptima noite
Alberto Caeiro na sua aparente simplicidade é o mais filosófico dos heterónimos de Fernando Pessoa!
ResponderEliminarAbraço
Muito bonita esta foto de uma ave em contraluz !
ResponderEliminarA poesia é Fernando Pessoa no seu outro eu, Alberto Caeiro !
Desde que não seja a águia Vitória... :)))
ResponderEliminarTanta vez penso, como Alberto Caeiro, que é uma sorte ser ave, não deixar pegada, ser leveza de asa. Mas não se foge à condição. E não somos aves. Estamos pejados de recordações, sinais da vida que passou e também somos, peso.
ResponderEliminarQue foto fabulosa, Luísa!
ResponderEliminarE passou muito bem esta tua ave negra em fundo nublado.
ResponderEliminarO poema de Caeiro foi uma boa escolha, Luísa!