domingo, 3 de janeiro de 2010

A chuva


Choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias. (…) O céu desmoronava numas tempestades calamitosas e de norte chegavam uns furacões que arrancaram telhados e derrubaram paredes e desenterraram pela raiz os últimos talos das plantações. (…) O problema era que a chuva desarranjava tudo e nas máquinas mais áridas brotavam flores entre as engrenagens se não fossem oleadas todos os três dias, enferrujavam os fios dos brocados e nasciam algas de açafrão na roupa molhada.

Gabriel Garcia Marquez, Cem anos de solidão, Lisboa, Dom Quixote, 18ªed., 2003, p.250-251

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