Há
quem diga que ler é perigoso e acho que estou finalmente a perceber
porquê.
Foi-se
o tempo em que lia um livro de cada vez. Não me parecia admissível
interromper uma história para me embrenhar noutra e se acaso me
arrastasse na leitura por qualquer quebra de interesse na narrativa,
ainda assim, mantinha-me firme no consumo da obra como se de uma
obrigação se tratasse. Abandoná-la seria quase sacrilégio,
dedicar atenção a uma história concorrente, pior ainda; portanto
continuava estoicamente até ao último ponto final.
Foi-se
esse tempo há muito tempo e hoje surpreendo-me por conseguir não
confundir cenários e enredos dos vários livros que enceto em
simultâneo e que vou amontoando na mesa de cabeceira, escolhendo à
vez aquele que me acompanha em cada serão. Pior, quando compro
títulos novos, tomando por boa a mais que estafada metáfora de
devorar livros, tenho sempre mais olhos que barriga e acrescento-os à
pilha da mesa de cabeceira. Bem podia acomodá-los na estante para lá
esperarem a sua vez, mas tenho cada vez mais relutância em fazê-lo.
Anseio por estreá-los e preciso, de uma forma quase doentia, tê-los
junto a mim, bem ao alcance da mão. Assim, e porque leio devagar, a
tal pilha agiganta-se formando uma torre periclitante e sei que corro
sérios riscos de a ver, numa destas noites, desabar sobre mim.
Eu nunca ouvi dizer que ler era perigoso, mas neste caso, e para ti, está a ser e muito, Luísa!! Para tua própria segurança, melhor será colocares alguns numa mesinha de apoio à mesa de cabeceira, já que tanto lhes queres e que os queres a dormir juntinho a ti! :)
ResponderEliminarAi é, é, Janita! E é muito prejudicial para a ignorância. Assim tenho visto por aí em muitos anúncios. :))
EliminarMais dia, menos dia, sempre hei de arrumar a mesinha de cabeceira e desbastar a pilha.
Conheço bem esse perigo, Luísa 🐸 l
ResponderEliminarTemos que nos cuidar, Teresa. :)
EliminarUm perigo deveras interessante! :)
ResponderEliminarBeijinhos, Luísa
E que gostamos de enfrentar, certo, Maria?
EliminarO desabamento seria muito perigoso!! Acordar repentinamente com uma série de livros em cima não é nada bom para o coração!
ResponderEliminarEu agora só tenho dois livros (em papel) em cima de uma das mesinhas de cabeceira. E 23 (hoje) no meu tablet!! De vários géneros literários.
Boas leituras e tem cuidado! Quem te avisa, tua amiga é!
Ah pois, Catarina, os livros eletrónicos têm essa vantagem. Não ocupam tanto espaço.
EliminarQuando se diz que a palavra é uma arma não é bem a isto que as pessoas se querem referir :)))
ResponderEliminarMas Pedro, se for bem usada...
EliminarDá-me enorme prazer olhar a mesa de cabeceira e saber que quando termine um livro terei outro para o substituir. Mas a minha pilha é sempre curta porque não compro assim tantos livros para mim. Muitos ofereço-os sem os ter lido por ser para isso que os comprei; outros gostaria mesmo que fossem meus e penso que hei-de um dia comprá-los para uso pessoal, mas seguem viagem. O Natal é uma boa época, o Menino Jesus é simpático e não se esquece de je:).
ResponderEliminarEu compro alguns, bea, mas nem tantos assim. Só que, como disse, sou uma leitora lenta. E sim, o Natal é também uma boa desculpa... :))
EliminarLer não faz mal.. Mas pode ser perigoso sim. Em demasia faz mal, quando não vimos mais nada:))
ResponderEliminarHoje:- Se soubesses, como brilha o sol em mim.
Bjos
Votos de um óptima Quarta - Feira
Ler nunca é demais, Larissa. :)
EliminarA propósito dos perigos da leitura há dois livros muito interessantes do Stefan Bollmann:
ResponderEliminar"Mulheres que lêem são perigosas" e "Mulheres que escrevem vivem perigosamente".
Eu só tenho o segundo e garanto que é um livro de peso, literalmente :).
E também já não me obrigo a ler os livros até ao fim, como fazia quando era jovem.
Se não estou a gostar passo para outro - a vida é tão curta...
Maria
Maria, agora também desisto com mais facilidade dos livros que, por qualquer motivo, não me estão a agradar. Por vezes, retomo-os passado algum tempo e descubro que afinal, gosto deles. Ou não. :))
EliminarSempre gostei de ter entre mãos mais do que um livro mas actualmente arrasto comigo um em Francês que me está a dar que fazer!
ResponderEliminarAbraço
Há sempre alguns mais difíceis, Rosa dos Ventos. :)
EliminarEstranho, para mim.:( Creio que nunca o conseguiria fazer e custa-me a entender como ! :)
ResponderEliminarCreio que se o fizesse correria mesmo o risco de não dar continuidade ao anterior.
Sinceramente, não compreendo !... Assim como não consigo entender que se leia um livro na cama "para dar sono" !... Ora bolas !!! ... Então, é porque não nos desperta a atenção que lhe é devida, não será assim ?...
Eu não sei, porque nunca leio na cama ! :)) ... A TV, sim, essa é para dar sono ! :))
Beijinhos, Luisa !
Rui, é na cama que mais gosto de ler. Não é para me dar sono, embora muitas vezes ele chegue, mas isso é normal e acho que até é saudável. Aliás é bem mais recomendável adormecer com um livro do que com a televisão. Com a tv, quando se chega à cama, o sono vai-se embora. :)
EliminarQuanto a ler vários ao mesmo tempo, convém explicar que também são de géneros diferentes. Além disso, gosto muito de contos e isso facilita a simultaneidade das leituras. Por exemplo, estou a ler "Estuário" da Lídia Jorge, que é um romance, mas também o último número da revista Granta, e ainda "Atlas" de J.L.Borges. Também já comecei a espreitar um livro de Martin Puchner intitulado "O Mundo da Escrita". E ainda não acabei o Dom Quixote. :)
Luísa, é raro ler mais do que um livro ao mesmo tempo.
ResponderEliminarCaso não goste de um livro que ando a ler porque quero, desisto.
Aliás, faço muito disso na vida. Desisto do que sinto não me acrescentar, para ter mais força para persistir e insistir no que gosto e me acrescenta.
Gosto de organização, também nos livros.
Tê-los em pilhas não é para mim. Em cima da mesa de cabeceira assim desse modo, ainda menos.
(O candeeiro é o único objecto em cima das minhas mesas de cabeceira.)
Esta coisa de dispersar assim as leituras, é relativamente recente Isabel. Não sei se é uma reação ao sentimento de impotência que por vezes tenho de querer ler tanta coisa e não ter capacidade para isso. Claro que não é por ter mais livros junto a mim que essa capacidade vai aumentar, mas também se vive de ilusão...
EliminarComo expliquei ao Rui, também tem que ver com os distintos géneros que vou lendo e o meu gosto por textos curtos facilita.
E, olha, a minha pilha até está bem arrumadinha. :))
Realmente como homem, é-me impossível ler mais que um livro de cada vez:))
ResponderEliminarLouvo a tua destreza mental em conseguires fazê-lo!
Acho que não tem que ver com o género,Ricardo. :) E destreza mental é coisa que não tenho assim tanto. Aliás tenho mesmo um problema de memória com o que leio. Passado algum tempo já não me lembro das histórias. Lembro-me se gostei ou não, mas para contar tenho que ler de novo. :)
Eliminardou-me conta agora que (re)leio mais que leio.
ResponderEliminarmas sei bem dessa "torre de Babel" que são os livros empilhados
na mesa de cabeceira ...
Eu bem preciso de reler, pelo tanto que me esqueço, Manuel Veiga. :)
EliminarLuisa
ResponderEliminarRealmente é estranha esta relação com os livros. Pessoalmente quando começo a ler um livro, gosto de ir até ao fim. Detesto deixar-me vencer por um livro, mesmo quando a leitura me custa e por vezes acontece-me andar tempos infinitos de volta de uma obra. Mas, também me irrito e já rasguei livros por acha-los tão maus.
O que acabei de escrever passa-se a nível pessoal, em casa, o problema é que sou bibliotecário e passam-me pelas mãos centenas de livros por ano e aos quais me limito a ler a folha de rosto, o prefácio e os índices e a um folhear rápido e penso tantas vezes, este assunto interessa-me, um dia ponho-o de parte e vou ler este ou aquele capítulo com mais atenção. O problema é que enquanto me ocupo nestes pensamentos, alguém me telefona a pedir um livro, ou me entregam mais umas dez obras para catalogar. enfim, os livros vencem-nos sempre pela quantidade.
Bjos
LuisY,
EliminarTem graça que, entre outras funções que desempenho no meu serviço, também trabalho como documentalista e trato de livros e outro tipo de documentos. Sei bem como é ler "de atravessado" só para catalogar e indexar. Lê-se sem ler. :)
Peço-lhe desculpa por tanta demora nesta resposta ao seu comentário, mas tenho andado afastada do blogobairro.