domingo, 12 de novembro de 2017

Traços de união

Não sei se reparas, como eu reparo, nestes traços que nos unem e que parecem traduzir uma gramática do desejo. Delineados ao acaso, como se a intenção fosse mera coincidência, entram-me alma dentro, ligam-me os sentidos, deturpam-me o olhar. Vejo o que não existe, histórias como miragens, espelhos enganadores. Há reflexos de ti no azul do céu, tanto quanto numa gota de chuva presa ainda na folha verde e trémula. A cada traço destes, vejo-te. Estás no recorte das sombras que o sol borda nas paredes, na maciez das nuvens, na espuma das ondas, no sabor de um fruto, nas páginas de um livro, no canto de uma ave, num sopro do vento. São verdadeiros sinais gráficos que me povoam o pensamento e me ligam a ti. Sofro, é bom de ver, de um incurável distúrbio de hifenização. 

6 comentários:

  1. Eu acho que sofres é de distúrbio de apaixonação...:)

    Dois degraus abaixo, ali nas estações, referia-me, justamente, às do ano e à sua lentidão; à permanência e teimosia em ficar na segunda (verão), não propriamente à música que ouves no carro...ai...ai...ai!!

    :)

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  2. Gostei do texto! Identifiquei-me um pouco.

    Beijo. Domingo feliz.

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  3. Há textos que não sei como comentar. Este apenas sei que adorei ler.

    Grande beijinho Luísa

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  4. Traços de amor diria, traços de paixão :)

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  5. pressente-se na vibração das palavras o "distúrbio" proclamado.
    poesia pura e... bela.

    gostei, deveras!

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