Outro dia, alguém me questionava
sobre a grafia do meu nome. O correto seria, diziam-me, escrevê-lo Luísa. Que
me lembre, sempre me conheci Luisa, sem
acento no i. Apressei-me a verificar no meu cartão de cidadão e, horror dos
horrores, lá estava Luísa grafado com acento. Um drama. Terei eu sido a vida
inteira um erro ortográfico?
Já sem o antigo BI que, juro, sempre se apresentou
sem acento, para me esclarecer a questão, fui correndo ao ciberdúvidas. E
lá estava, explicadinho pelos Dicionários e pelos Vocabulários que, sim senhora, o
meu nome, que deriva do francês Louise, em português se escreve Luísa.
Pronto. Pronto. Nada de aflições.
Também se diz lá que os meus direitos individuais estão salvaguardados e que
posso escrevê-lo sem acento se tal foi a sua grafia original, no registo civil.
Ufa. Toca agora a procurar a minha cédula pessoal que guardo religiosamente
numa pastinha de documentos mais antigos. Com as mãos trémulas de emoção, abro o
livrinho fino, de capa preta, onde verifico que me registaram cerca de um mês depois de eu ter nascido,
onde também encontro assente a data do meu baptismo e onde vou finalmente
legitimar a forma como sempre me (d)escrevi.
Ou não. Na minha cédula pessoal,
descubro, mais de meio século volvido, que me chamo Louisa.