O Chico e a mulher, aquilo era uma vergonha. Andavam sempre à
bulha. Até na loja, para quem quisesse ouvir as discussões. A loja faliu. Ah
pois. E eles separaram-se. Agora ele vai sempre comer ao restaurante do primo.
Mas ele tinha fortuna? Não. Quem tinha era a família da mulher. Já há muito que
não vejo o Chico. Ele esteve mal. Cortaram-lhe os dedos dos pés. É diabético.
A minha filha trabalhou lá na loja durante uns vinte anos. Depois faliu e ela
não teve direito a nada. Agora há uns quatro anos que está ali. Não é por ser
minha filha mas quando para lá foi deu cá uma volta àquilo. A que lá estava, ao
tempo, não fazia nada. Anos e anos com mercadoria acumulada. Pouco tempo depois
de para lá ira a minha filha, entrava-se e nem parecia a mesma loja. Achas que
ela ganha mais por isso? Não. Mas é do feitio dela. Pronto. Isto está bom é
para os gatunos. Como aqueles que governam isto. Quem é honesto não leva nada.
Isto está bom é para ladrões. Olha, como aquela do lenço. A dizer que conhecia a
mulher, que era vizinha dela e a arrebanhar o lenço. Que lho entregava.
Acreditas? Ah mas se ela aqui voltasse, eu dizia-lhe. Mas sabes quem é? Eu não.
Mas reconhecia-a, de certeza. Não me esqueço de uma cara. Era capaz, oh se era.
Perguntava-lhe, então entregou o lenço à mulher? Logo vias a cara dela.
Acabei de almoçar, saí do restaurante e as duas velhas da
mesa pegada à minha continuaram a afiar a língua. Num destes dias ainda se
aleijam.
Ai aleijam aleijam...
ResponderEliminarA maledicência é como uma vitamina para muita gente...
ResponderEliminarQue conversas :)
ResponderEliminarUma amiga minha chama a isso conversas de c& para o ar :)))
ResponderEliminarEstá delicioso...
ResponderEliminarE mesmo que não queiramos ouvir, não resulta porque falam muito alto.
:)
a água lava tudo. menos essas línguas afiadas....
ResponderEliminar:)