terça-feira, 6 de setembro de 2022

Maré

 

A maré vaza da tarde entregou à praia uma medusa. As ondas acariciavam-lhe o corpo mole e gelatinoso enquanto os banhistas se debruçavam sobre ela e a fotografavam com os seus ávidos telemóveis. Ainda senti o meu a querer imitá-los, mas o nadador salvador, qual dono da praia, antecipou-se a qualquer ação minha e, com uma grande pá, removeu-a da zona de rebentação. Cavou depois um buraco e enterrou-a. Apenas uma espera transitória, imaginei, até que as marés seguintes, a coberto da noite, que entretanto chegaria, a devolvessem ao fundo do mar para a devida sepultura ou alimento de outras vidas.

16 comentários:

  1. Por praias do Sul, os nadadores-salvadores estão verdadeiramente atentos ao que se passa à sua volta. Resgatam vidas ao mar bravio e tratam dos seres marítimos que morrem na praia...Gostei!

    Beijinho, Luísa

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  2. São as giratórias movimentações da vida ( ou falta dela)
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    Uma semana feliz … Saudações poéticas
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  3. Tudo nesta vida é transitório, há que morrer para renascer de novo e novas vidas se seguirão.
    Gostei muito desta prosa.
    Beijinhos Luísa

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  4. Estou a imaginar a cena. Sempre atentos, esses nadadores-salvadores.

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  5. Baywatch ao vivo.
    E sem a Pamela Anderson.

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  6. Li o narrador salvador... tanta era a minha ânsia de nã ser necessária a salvação da bicha

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