Acho que já disse que o telheiro dos pássaros já não tem pássaros. Todos os anos, na primavera, enfiavam-se entre as canas, passavam entre as telhas e era um ver se te avias de fazer ninho e procriar. Bom para eles, péssimo para mim, que via o meu pátio transformado em sanita de passarinho, o que me obrigava a pegar na mangueira da água mais vezes que o recomendável, considerando a necessidade de poupança que temos da dita. Antes da época, tratou-se de vedar as frestas abertas nas telhas, esticou-se uma rede sob as canas, eliminou-se o acesso à passarada. Que se amanhassem nos ramos das alfarrobeiras. Porém, um problema resolvido não é sinónimo de ausência de problema. À falta de excrementos de passarinho, o pátio cobre-se de torrõezinhos de terra trazidos pelo vento. Suponho que assim já acontecia em anos passados, mas um pouco como uma dor que se sobrepõe a outra, a dos cócós era seguramente mais forte que a dos torrões de terra ruiva. A culpa, já disse, é do vento e contra ele não há vedação possível.