domingo, 11 de abril de 2021

Capacidade respiratória

 

Enquanto me agacho junto a uma ruína, apontando a objetiva a uma pequena flor, ouço uma voz que se aproxima. Endireito-me, ajeito a máscara e viro-me para o caminho para ver quem vem lá. É um sexagenário, talvez perto de ser septuagenário, de phones nos ouvidos, correndo e cantando take me home a plenos pulmões. Sem evidenciar qualquer falta de fôlego, cumprimenta-me com um leve sinal de cabeça, sem interromper o ritmo da sua corrida nem a letra da canção. Dá para perceber que, nestas paragens, pode estar longe de West Virgina, mas sente-se certamente perto do paraíso.

8 comentários:

  1. Paraíso terreno, já que o outro, ainda vai ter que esperar, e muito, por esse quase septuagenário...Afinal, o que é o Algarve se não o Paraíso?

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    1. Eu sou suspeita para avaliar o Algarve, não é Janita? :))

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  2. Um apontamento feito com escrita sublime. Sem peneiras.

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  3. Ainda foi na semana passada que estava a falar ao telefone com uma amiga do Algarve e lhe perguntava se era habitual ver-se pessoas a fazer marchas com os bastões nórdicos, se eram apenas os mais novos a correr e os mais velhos a fazer caminhadas apressadas ou a passo normal, para fazer uma comparação com o que vejo por aqui. Ela dizia-me que sim, muitos jovens a correr, algumas pessoas de mais idade a correr também, principalmente homens, sem barriga, e, consequentemente, estrangeiros... porque a maioria dos homens portugueses de 60+ de idade são barrigudos!!!... dizia-me ela... : )
    Luisa, esse tinha aspeto de ser português ou estrangeiro? : ))

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    1. Penso que era estrangeiro, Catarina. :)
      Já me ri com a teoria dos portugueses barrigudos... Capaz de ser verdade. :))

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