Por muito que olhe para a estante, que passe o dedo pelas lombadas afastando os volumes uns dos outros, que abra as gavetas da secretária, que espreite para dento do armário, que enfie as mãos nos sacos e nas malas que tenho pendurados no cabide, que revolva o gavetão do armário da TV, que remexa nos papéis da primeira gaveta da cómoda, não há meio de encontrar o livro que li, não há muito tempo e que até anotei no caderno para contrariar os esquecimentos. Dei pela sua falta quando o quis arrumar no lugar que lhe caberia, à esquerda do segundo volume da história, entretanto terminado. Nada a fazer. Desapareceu de circulação. Poderia, talvez, amarrar uma fita à perna da cadeira com uns nós bem apertados, como manda a superstição, que diz que amarrando dessa forma os testículos do diabo a coisa perdida irá reaparecer. Mas, pobre diabo, que as sofre provavelmente sem razão. Também no ano passado me desapareceu uma corrente, daquelas que servem para pendurar os óculos e agora também se usam para segurar as máscaras quando precisamos de as retirar momentaneamente. Procurei-a por todo o lado, até nos mínimos recantos das minhas malas de mão, e nada. Conformei-me e arranjei outra corrente. Dias atrás, sem que tivesse percebido de onde surgiu, apareceu-me, caída no chão do quarto, sobre o tapete que semanalmente sacudo energicamente à varanda, a corrente perdida. O diabo não foi, acredito eu, pois não cheguei a atar qualquer fita que o obrigasse à devolução do objeto perdido. Talvez o tempo tenha um espírito misterioso, um fantasma brincalhão que, vai não vai, resolve moer-me o juízo, esconder-me objetos para mos devolver quando já me esqueci deles. Aguardarei, portanto, serenamente.
Ah, mas não pense que esses misteriosos desaparecimentos são um exclusivo seu, pois há muito mais quem se queixe do mesmo.
ResponderEliminarCá para mim, existe um Gasparzinho 👻 em todas as casas que adora divertir-se à nossa custa.
Boa semana, Luísa!
🐝
Aqui, comigo, já deve ser um Gasparzão, Maria. Acontece-me cada desaparecimento... :)
EliminarBoa semana!
São os duendes malandros que vivem em nossas casas...até já escrevi um post sobre eles! Ora traquinas...ora queridos!😉
ResponderEliminarLembro-me bem desses seus duendes, Dulce. Está visto que também me invadiram a casa. :))
EliminarOs desaparecimentos ainda são como o outro, Luísa, também comigo acontece o mesmo.
ResponderEliminarO que está aqui a intrigar-me é o aparecimento!!
Que estranho a corrente ir aparecer justamente em cima do tapete que sacodes com toda a energia, à varanda. Bom, talvez o tivesses metido no bolso do avental ou da bata que usas para fazer limpezas...e caiu lá sem que desses conta. :)
Felizmente, tu, apareceste, o resto esquece! Não te esqueças é do caminho para o blogobairro. :-)
Avental ou bata, não uso para limpezas. É roupa velha mesmo... :) Pois não sei, Janita, o facto é que, como se diz, eu não acredito em bruxas mas que as há, há... :)))
Eliminaro que desaparece e não é roubado, aparece mais cedo ou mais tarde.
ResponderEliminaraconteceu-me muitas vezes, e acontece.
se tenho a certeza de que foi em casa, sei que vai aparecer... e onde menos esperamos.
Espero bem que reapareça, Maria. Caso contrário fico com a coleção coxa. :)
EliminarOra já estou nessa há muito tempo. Desde o inverno que aguardo uma saia de primavera desaparecida. Também tenho memória da Visão trazer num dos últimos números uma entrevista com Dulce Maria Cardoso; palavra que já penso ter sonhado, dei volta às revistas e a entrevista não aparece. E decerto tenho outros enigmáticos desaparecidos, mas como me esqueço deles não lhes posso dar pela falta. É viver com o que há e nos lembramos que existe. O resto acabará por surgir não se sabe onde.
ResponderEliminarDesaparecimentos e esquecimentos, eis uma valente dupla que me atanaza com frequência a vida. :))
EliminarBoa noite, bea.
Ui, às vezes que essas coisas me acontecem:)
ResponderEliminarÀs vezes com final feliz, outras não. Deve depender dos diabos envolvidos :))))
~CC~
Espero que este, de que agora me queixo, seja compassivo. :)
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