quarta-feira, 21 de julho de 2021

Passatempo

 

Desta vez, a menina enfermeira não me mandou contrariar a sinalética de pegadas no chão do centro de vacinação para pedir a minha justificação de presença num dos guichés de admissão. Pode seguir para a área de recobro que ali também lhe passam a declaração. E fui. Um casal estava à minha frente para ser atendido, aguardando o fim de um atendimento telefónico em curso. E eu aguardei o fim do atendimento telefónico e o fim do atendimento presencial de quem me antecedia. Uns bons vinte minutos. Na minha vez, afinal não era ali. Quem passava declarações de presença eram as meninas dos guichés de admissão. Eu vou lá consigo. E quem foi a enfermeira que lhe disse isso? Tenho de avisar para não encaminharem mais utentes erradamente. E lá fiquei novamente na fila de espera dos guichés, com uma pessoa ainda à minha frente. A menina do guiché, muito amável, passou-me finalmente a declaração, mas tive de a acompanhar de volta até à mesa de atendimento onde estivera antes. É que o carimbo para certificar a declaração estava lá. Sabe, explicou-me ela, os médicos que estão ali costumam ajudar-nos nisto das declarações de presença porque bem veem que estamos sempre aflitas a atender muita gente. Mas esta médica é especial. Já com a declaração carimbada, olhei para o relógio e constatei que a meia hora de recobro estava gasta. Afinal tinha de concordar com a menina do guiché. Aquela médica era mesmo especial. Conseguiu que eu me ocupasse com um passatempo diferente do dos restantes vacinados que para ali estavam, gastando a sua meia-hora de pescoço curvado e olhos postos nos respetivos telemóveis.

19 comentários:

  1. Realmente tiveste sorte, Luísa.
    Eu esperei pacientemente, sentadinha na cadeira, sem olhar para o telemóvel, os trinta minutos da praxe. Em contrapartida, foi a menina enfermeira que me vacinou, que tratou de tudo. Até nisto, na operância dos centros de vacinação, há diferenças entre Norte e Sul. :)

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    1. Não foi bem uma questão de sorte, Janita. Foi só um tempo de espera diferente à custa de "ganchinhos" do pessoal de serviço. :)

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  2. Meia-hora à seca das duas vezes.
    O que tem de ser tem muita força

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    1. E tem mesmo de ser, embora haja quem não cumpra, que eu bem vi. :)

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  3. Também reparei na história dos telemóveis. São um bom entretém e mantêm as pessoas caladas. Mas, e apesar da distância preservadas, também sucedeu os médicos terem de mandar calar - repetidas vezes - pois já estavam aos gritos e ainda assim não se faziam ouvir devido ao barulho das conversas. Depreendi que foi mais um local de encontro a somar ao facebook e afins. E reconheço que fiquei até envergonhada pelo pedido dos médicos e pela resposta ao mesmo. O mesmo povo que é capaz de nos comover sabe como mostrar a sua falta de chá. Portanto, mais valem os telemóveis.
    Quanto à sua situação específica, Luísa, talvez a tenha distraído, mas bem revela a nossa medíocre burocracia.
    Tenha um dia Bom.

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    1. Bem, quer dizer que nem o distanciamento físico das cadeiras impediu as conversas entre utentes. :)) Por acaso, aqui e nessa matéria o pessoal portou-se bem. :)

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  4. A Meia hora passa rápido sabendo que até é um alívio :))
    Mas existem pessoas muito atentas e simpáticas!;))
    --
    No despertar da melancolia...
    -
    Beijo. Votos de um dia feliz.

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    1. Verdade, Cidália. Enfermeiras, assistentes... tudo pessoal impecável. :)

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  5. Comigo... a sonolência na primeira dose e perto de casa... um estado gripal e um atravessar um quartel que parecia não ter fim... na segunda dose!
    Finalmente posso ir ao restaurante 🤔🤗

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  6. Não tenho 2ªvez para comparar! Já que as pessoas usam tanto o TM, podiam aproveitar e fazer chegar por esse meio as respectivas declarações...e a Luísa podia gastar a sua meia hora na observação das pessoas, olhe que vale a pena:)
    ~CC~

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    1. Ah pois, CC. Nestas ocasiões e em salas de espera, a observação do género humano é muito interessante. :))

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  7. Bom eu fui afortunada com a vacina. Na primeira dose fiquei de cama três dias com quase 39 de febre, vómitos, e dores de cabeça e corpo horrível. Na segunda depois de quase 3 horas em que não me podia por de pé sem que alguém me segurasse, fiquei bem. Só que no dia seguinte acordei com os pés tão inchados e com um ardor tão grande que parecia que a pele ia começar a estalar. E levei 10 dias assim. Sem me calçar pois não tinha nada que me servisse. Fui duas vezes acompanhar o marido ao hospital com uns chinelos dele. Felizmente na quinta feira acordei com os pés normais.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. Bolas, Elvira, isso é que foram doses! Como disse à Gracinha, não me posso queixar. A única reação que tive, das duas vezes, foi dor no braço no local da pica.
      Abraço.

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  8. Muito melhor do que estar sentada 30 minutos a olhar para o boneco! :)

    Abraço

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    1. Bem, como a sala estava cheia, ao menos tinha muitos "bonecos" para ver. :))

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  9. O importante é que este "filme" termine depressa e que as vacinas façam realmente o efeito que se pretende nos millhões e milhões de "cobaias" que todos somos.
    Os trinta minutos de recobro são excelentes para observar o que nos rodeia...e também a nós próprios! Mas com a Luisa foi um recobro bem dinâmico...

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    1. Que o "filme" termine depressa é o que todos desejamos, Dulce.

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  10. Não há nada como uma declaraçãozinha para animar um qualquer serviço público. Não sei se isto acontecerá também no estrangeiro, mas por cá há um gosto pronunciado por declarações, impressos, papeis e formulários. Agora a moda é serem todos on-line e lá temos nós que colocar o nome completo todo outra vez, o número de contribuinte, a morada e mais não sei o quê. Talvez a única diferença em relação ao passado, seja que já nos pedem a filiação e o local de nascimento.

    Mas uma declaraçãozinha anima e distrai toda a gente, como a Luisa contou aqui tão bem e com um subtil humor

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