terça-feira, 30 de março de 2021

O dia amanheceu castanho alaranjado e baço, o ar carregando um denso véu de poeiras, dizem que vindas do norte de África. O vento forte que soprou e que ainda corre, foi espalhando o pó por todo o lado deixando ruas, casas, terraços, paredes, janelas, carros cobertos de um manto de terra. Tudo a pedir o alívio de uma mangueirada de água fresca, que dilua e arraste a poeira ralos e sarjetas dentro. A alface, que veio da horta para a salada do jantar, precisou de prolongado e minucioso banho. E até eu, só de olhar o triste cenário me sinto entranhada de pó.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Sucedâneo

No intervalo do almoço, antes do teletrabalho, esticava as pernas caminhando pelas ruas da cidade.

Agora, estico os braços pendurando ou recolhendo roupa da corda.

sábado, 20 de março de 2021

domingo, 14 de março de 2021

Passeio de domingo (525)

 


Uma caminhada longa, com as pernas a levarem-me ligeiramente para fora da área de residência. Ups.










quinta-feira, 11 de março de 2021

O malmequer que colheste

 



O malmequer que colheste

Deitaste-o fora a falar.

Nem quiseste ver a sorte

Que ele te podia dar.


Fernando Pessoa


quarta-feira, 10 de março de 2021

Mulheres

 

No período de aproximadamente uma hora e meia em que estive no centro de saúde para acompanhar o meu pai à vacinação contra a Covid 19, observei, entre os utentes que já lá se encontravam com o mesmo propósito e os que a seguir foram chegando, que excetuando dois casais de idosos, todos os vacinados, na casa dos 80 e 90 anos, foram lá acompanhados pelas respetivas filhas.

segunda-feira, 1 de março de 2021

Flower power


Foi quando saí do estacionamento do supermercado. Observei-o por poucos segundos e aproveitando os escassos ângulos de visão permitidos pela condução do carro e pelas exigências de atenção ao código da estrada. Uma figura masculina, que situei a meio caminho entre os sessenta e os setenta anos de idade, cabelo alourado, quase a tocar nos ombros, calças bicolor à boca de sino, casaco florido, aparentemente pintado à mão, écharpe roxa a condizer com um dos tons das calças, mantinha-se no passeio, esperando alguém, talvez, ou apenas gozando os raios de sol do final da manhã. Fosse este blogue uma imitação do “Sartorialist” e tivesse eu lata para tal, teria parado o carro, pegado no telemóvel e pedido que me fizesse uma qualquer pose para eu poder fixá-lo aqui.