quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Labirinto

 


Não haverá uma porta. Estás cá dentro

E a fortaleza abarca o universo

E não possui anverso nem reverso

Nem externo muro nem secreto centro.

Não esperes que o rigor do teu caminho

Que obstinado se bifurca noutro,

E obstinado se bifurca noutro,

Tenha fim. É de ferro o teu destino

Como o juiz. Não esperes a investida

Do touro que é um homem, cuja estranha

Forma plural dá horror à maranha

De interminável pedra entretecida.

Não existe evasão. Nada te espera.

Nem no negro crepúsculo a fera.



Jorge Luis Borges

Nova antologia pessoal, Quetzal Editores, 2017


10 comentários:

  1. Labirinto. Com pássaro.
    Bonita foto, Luísa.

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  2. Bonita a foto a ilustrar o poema. Tal qual um labirinto de troncos. E negros, com o negrume de uma prisão.
    O que vale é que ao passarinho lhe basta bater as asas para sair do cárcere...:)

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    1. E nós a invejar as asas do passarinho. :)
      Beijinho, Janita.

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  3. Sentimentos profundos não se evadem: quedam-se.
    E nublam-se de emoções sentidas...
    Beijinho.

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    1. Emoções que os poemas provocam.
      Bom domingo Guiomar. :)

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  4. Um excelente poema e uma excelente foto que se coaduna muito com ele !

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