Sentia por ele uma certa inclinação, mas endireitou-se evitando a queda.
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terça-feira, 11 de maio de 2021
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Um post perdido
Primeiro, perdeu-se de amores. De tal maneira que andava quase sempre com a cabeça na lua e um sorriso tolo nos lábios. Nas conversas, por distração, perdia quase sempre o fio à meada. Por outro lado, era pessoa que perdia facilmente as estribeiras, o que só lhe fazia perder terreno face a rivais. Por isso, acabou por entender que não valia a pena perder o seu latim naquela demanda e resolveu afastar-se até perder aquilo tudo de vista e não deitar a perder o que de bom ainda lhe restava na vida.
domingo, 2 de agosto de 2020
sábado, 30 de maio de 2020
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
Destino
Comprou
o bilhete para a viagem com antecedência, mas o voo acabou por ser
cancelado. Só quando olhou para o painel informativo, no aeroporto,
percebeu que o seu destino estava traçado.
segunda-feira, 12 de agosto de 2019
segunda-feira, 5 de agosto de 2019
Sonhos e suspiros
Sonhos e suspiros preenchiam o seu dia a dia, até que decidiu mudar de vida e passou a confecionar pastéis de nata.
sábado, 3 de agosto de 2019
sexta-feira, 22 de março de 2019
Linda de morrer
Ela
era linda de morrer. Ele queria conquistá-la, mas temia só vir a
ter um lindo enterro.
sábado, 10 de novembro de 2018
Flirt
A
janela da biblioteca de João Xavier abria quase de frente para a
janela da sala de Maria Alice. Cada um, do seu lado da rua, podia
observar o outro e o caso é que se observavam diariamente. Nos dias
em que, por coincidência, abriam as janelas em simultâneo,
cumprimentavam-se com um sorriso, por vezes um aceno de mão. João
Xavier sentava-se junto à vidraça enquanto lia o jornal. Maria
Alice, do lado de dentro da sua, folheava uma revista. Noutras vezes,
eram livros que cada um trazia para junto das janelas. Nos dias
quentes de verão, ficavam abertos os vidros e, não fosse o rumor
dos pássaros nos ramos mais altos do plátano que se erguia à
esquerda da porta de entrada da casa de João Xavier, quase poderiam
ouvir o som das páginas a virar entre os seus dedos. Quando chegavam
as chuvas, só as persianas se abriam. Ainda assim, através da
cortina de pequenas gotas de água que deslizavam vidros abaixo, um e
outro trocavam olhares de janela a janela. Se Maria Alice, retida
noutros cómodos da casa passava um ou dois dias sem vir à janela da
sala, já João Xavier se inquietava com a sua falta. E o mesmo
sucedia com Maria Alice para quem a ausência de João Xavier fazia
crescer em si uma desmesurada saudade. Porém, tanto quanto desejavam
ver-se à janela, assim evitavam cruzar-se na rua. Gostavam daquela
espécie de namoro silencioso e prudente que florescia de forma
frondosa na sua imaginação, mas que sabiam condenado se ousassem
regá-lo de realidade.
sexta-feira, 2 de novembro de 2018
sexta-feira, 29 de junho de 2018
Amores
O casal do 1º Esquerdo era um exemplo de perfeição. A Menina
Júlia, que morava no rés do chão com quintal, cruzava-se frequentemente com os
dois e observava aquela bonita relação, aquele doce e carinhoso amor que lhes
iluminava o olhar. Um amor como ela nunca tinha visto. Um amor como ela nunca tinha
tido. Um dia, não aguentou mais a inveja e encheu o quintal de
amores-perfeitos.
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
Pedido de casamento
O pai da rapariga era uma
verdadeira fera e foi a medo que o rapaz formulou o pedido. Com o tom de maior
respeito que pôde arranjar, disse-lhe que desejava pedir-lhe a mão da filha em
casamento. Aquele que seria o seu futuro
sogro perguntou-lhe se tinha absoluta certeza de que era isso que queria. Ele, mais tranquilo ao ouvir o tom
conciliador do homem, confirmou. Foi então que, pegando no cutelo que se
encontrava sobre a bancada da cozinha, o pai da moça lhe satisfez o pedido.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
Natalino
Natalino, que, como facilmente se
deduz, deve o nome ao dia 25 de dezembro, em que nasceu, e à madrinha Maria da Conceição,
ficou para sempre marcado com o estigma dos presentes de Natal. Tanto assim, que
não há vez nenhuma em que se porte menos bem que não esteja logo alguém a
atirar-lhe: sempre me saíste uma boa prenda!
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
História do príncipe Mar-Hà-Já e das pedras coração
Quando chegou a milésima segunda noite e todos os leitores
dos quatro cantos do mundo temiam pela vida de Scheherazade, esta foi acordada
como sempre pela sua irmã Dinarzade que, bem antes do sol nascer, lhe pediu para contar a história das misteriosas pedras em forma de coração, que o mercador
Bendredi Ali tinha, anos atrás, trazido ao porto da cidade e que elas, com seu
pai, tinham comprado e guardado num grande frasco de vidro. Scheherazade
perguntou ao sultão se lhe permitia contar mais esta história. Tendo Schahriar consentido,
pois andava já irremediavelmente viciado nas histórias de Scheherazade, ela
começou assim:
Segundo Bendredi Ali, aquelas pedras coração tinham-lhe sido
vendidas por um mercador chamado Adir, vindo das costas atlânticas. Adir teria
recolhido dezenas daquelas pedras, de cores diversas, nos areais do reino de
Atlantis onde se contava que eram mulheres encantadas.
Em tempos antigos, vivia naquele reino um príncipe chamado
Mar-Hà-Já que se apaixonou por uma bela mulher plebeia. A jovem também se
enamorou do príncipe e encontravam-se em segredo na praia, ao abrigo das
rochas. Na verdade, existia um grande obstáculo ao seu amor. A jovem estava
prometida a um grã-vizir das Índias Orientais como forma de pagamento de uma
dívida de seu pai, e em breve seria levada dali pelo futuro marido. A única
solução seria fugirem para um reino distante e assim pensaram fazer. Porém, duas
meias-irmãs da jovem plebeia, roídas de inveja por não terem elas conquistado o
coração do belo Mar-Hà-Já, denunciaram os planos dos dois amantes ao
grã-vizir. Na noite da fuga, brilhando a
lua cheia sobre os rochedos da praia, a guarda armada do grã-vizir das Índias
Orientais intercetou o casal que, para escapar, correu mar a dentro
desaparecendo da vista dos seus perseguidores...
Neste ponto, estando o dia a despontar, Scheherazade não
pôde continuar a história e agora não se sabe se sobreviverá à milésima
terceira noite.
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
Ercília
Naquele sábado de manhã, a menina
Ercília sorria embevecida relendo a mensagem que o senhor António lhe tinha
enviado através do Facebook. Cada palavra alinhada diante dos seus olhos era
para ela pura poesia. O senhor António sabia como desarmá-la e há muito que lhe
tinha anulado as defesas. Pedira-lhe amizade meio ano atrás e a mensagem que,
em simultâneo, lhe tinha enviado provocou-lhe tal efeito que acabou por
contrariar o princípio por ela estabelecido de apenas aceitar amizade de
pessoas que conhecia pessoalmente. A fotografia de perfil do senhor António ainda
lhe suscitou algumas dúvidas. Estava um tanto desfocada, o rosto na sombra,
difícil de perceber as feições. Mas isso pesou bem menos na sua decisão do que
o conteúdo da mensagem que, numa sábia escolha de palavras, tornou irrecusável
aquele início de relação. A amizade foi crescendo
alimentada pelos escritos do senhor António e a menina Ercília, que sempre fora
de uma extrema exigência para com os seus pretendentes, estava agora rendida
aos encantos literários das atualizações de estado daquele desconhecido.
Ao contrário dos anteriores candidatos
a emparceirar com a menina Ercília, este parecia-lhe não ter qualquer defeito.
Lembrava-se, por exemplo, do vizinho do rés do chão que havia pouco mais de um
ano lhe fizera a corte. Ela tinha-lhe refreado os avanços. O facto é que
embirrava solenemente com o hábito que o homem tinha de se pôr à janela assobiando
o Bolero de Ravel. Chegou a associar o
assobio do vizinho a um surto de urticária de que certa vez se viu acometida
tal era o tamanho da aversão que tinha à exibição musical do vizinho. Com toda
a certeza o senhor António não era de se pôr a assobiar à janela.
Concluiu a leitura das palavras
mágicas do senhor António e forçou-se a desligar o computador para sair de
casa. Precisava de passar no supermercado para as compras da semana. Desceu apressada
os dois lances de escadas que separavam a sua porta do átrio do prédio. Calhou o
vizinho do rés do chão estar naquele momento a recolher a publicidade que lhe
enchia a caixa de correio. Calhou também a menina Ercília olhar para dentro da
porta entreaberta do apartamento. Foi um olhar breve, tão breve que teve a
certeza de ter sido apenas uma ilusão aquilo de ver, na parede do hall de
entrada, um quadro igualzinho ao que senhor António tinha publicado dois dias
antes como imagem de capa do seu mural.
sábado, 25 de março de 2017
A chave do problema
Quando ela pôs todos os pertences dele na rua e trocou a
fechadura da porta, soube que aquele era o momento chave da sua vida.
segunda-feira, 6 de março de 2017
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