segunda-feira, 31 de maio de 2021

Hora de almoço

 

As mesas, agora, têm distância de segurança. Ainda assim, continuam aptas a contar histórias. Deste modo, fiquei hoje a par das compras de vestuário da mulher que ocupava a mesa das dez para a uma, se isso facilita o visionamento da sua posição relativa a minha. Um vestido, um casaquinho, umas calças… Tudo a bom preço, coisa de se aproveitar depois de tantos meses sem ter como satisfazer estas necessidades femininas. Ora bem, pensei eu, sem saber se com inveja se com alívio, no que me toca, continuo com essas necessidades adormecidas. Nenhum trapinho sequer ainda conseguiu despertar em mim o mínimo desejo de consumo.

domingo, 30 de maio de 2021

sábado, 29 de maio de 2021

Os girassóis


Passando por certos atalhos, encanto-me com jarras e jardins, esforçando-me por reprimir um resquício de inveja. Não tenho jardim. Só um troço de relva, com um cipreste seco clamando por uma serra que o livre da decadência e um cedro que também já viu melhores dias. Não tenho jardim. Só alguns canteiros onde as rosas também já fenecem, com o rebordo das pétalas queimado do sol. Mas, ah, um desses canteiros salva-me agora o humor. Tem girassóis gigantes que começaram a florir. Não são os girassóis de Van Gogh. São, talvez, como os girassóis do Alvor, aqueles do Eugénio de Andrade. Não estão entre o branco e o rosa dos aloendros, mas estão entre o rosa das sardinheiras e o branco da madressilva. As suas flores gigantes fazem a delícia das abelhas, iluminam-me o olhar e matam-me as invejas.

terça-feira, 25 de maio de 2021

Tempero

 

A salada de tomate que, não tarda muito, há de fazer companhia ao peixe assado nas brasas, está quase pronta. Do tempero que a finalizará, apenas trago aqui, agarrado aos dedos que agora batem nas teclas, o cheiro intenso dos orégãos secos que desfiz há pouco entre as palmas das mãos.

domingo, 23 de maio de 2021

Passeio de domingo (532)



Um passeio por caminhos que me levam até ao mar, mas ainda sem balnear, com uma palavra de gratidão para todos quantos me costumam acompanhar nestes passeios. 

Hoje, agradeço particularmente  esta gentileza do Xilre









domingo, 9 de maio de 2021

sábado, 8 de maio de 2021

A carrinha do pão

 

Por estas bandas, até não muito distantes dos grandes espaços comerciais, ainda passam as vendas ambulantes. Quando eu era criança, o peixeiro vinha de motorizada. Agora vem numa carrinha comercial. E também há a carrinha do pão, que, mencionada aqui, me trouxe a imagem do dia de ontem, quando ao final da tarde, passando eu pela Estrada Nacional, observei uma das ditas. Ali estava parada, com a porta traseira levantada, enquanto o vendedor atendia o cliente. Naqueles poucos segundos do tempo da minha passagem, vi lá dentro o belo amontoado de pães, e talvez pela fome que já trazia comigo, quase chegou dentro do meu carro, vidros fechados e tudo, o seu convidativo aroma. Fiz o resto do meu caminho só a pensar no cheiro bom que deve reinar naquela carrinha.

domingo, 2 de maio de 2021

sábado, 1 de maio de 2021

Maio

 


Podia ser no pinhal, bem junto à praia, ou na sombra de uma alfarrobeira com o ribeiro correndo perto. Estendíamos uma manta de retalhos, pousávamos os cestos do farnel, caracóis jamais faltariam. Partilhávamos a comida e as conversas. A brisa leve fazia ondular as cores à nossa volta. Havia jogos, alguns aproveitavam para uma pequena sesta, por vezes um banho ou meros salpicos, se o tempo ajudasse. Assim chegava maio, gente e natureza em comunhão.