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segunda-feira, 21 de março de 2022

O caos do sonho

 

Estou deitado no sonho não

perturbes o caos que me constrói

Afasta a tua mão


das pálpebras molhadas

Debaixo delas passa

a água das imagens


Gastão Cruz (1941-2022)

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Cruzeiro Seixas (1920-2020)


 

Ontem, cá em casa, a propósito de alguns quadros que moram nas minhas paredes, perguntavam-me se o seu autor já tinha morrido. Eu, que não, e que faria 100 anos já em dezembro próximo. A minha feliz ignorância desfez-se hoje pela manhã quando, já no carro, me chegou  pelo rádio a notícia. Morreu Cruzeiro Seixas, o poeta, o homem que pintava, uma das grandes referências do surrealismo português.


quarta-feira, 29 de abril de 2020

Tia


A minha cesta do pão está a precisar de restauro. Aqui e ali, sobretudo no laço que remata a tampa, o entrançado de palma está a desfazer-se. Está assim, há bastante tempo, e bem sei que, mesmo antes do triste desfecho, não seria já a tia a resolver-me o problema, mas agora, olho para a cesta de empreita velhinha, que em tempos fez para mim, e entristeço-me um pouco mais.

No caderno das receitas, tenho as instruções para fazer os biscoitos que fazia e de que tanto gosto. A respetiva entrada traz o seu nome,  não o de batismo, mas o que sempre foi usado por toda a família. Penso que deveria aproveitar as tendências de ocupação deste tempo do confinamento para pôr em prática a receita. Assim me chegue o ânimo para isso.

Tenho pois, tia, estes dois projetos por realizar e já que de vida e de morte são feitos os dias, mesmo que chore quem parte, devo sobretudo celebrar-lhe a vida.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

In Memoriam


Partiu hoje uma das pessoas bonitas que, por causa dos blogs, tive o gosto de conhecer pessoalmente.
Era um jardineiro de amizades, que tratava com mestria.

Até um dia Rui.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Ti Bia


Maria, a mais velha da irmandade, andou anos e anos a repetir que já não fazia cá nada, que já era tempo de partir. Mas o tempo de partir não se decide assim, só por dizer, e Maria foi-nos brindando com mais um, e mais outro ano de vida. Cheguei a pensá-la eterna. Sonhei-lhe um centenário. Chegou aos 95, menos um que sua mãe, e finalmente, no começo de um novo ano, o tempo fez-lhe a vontade. Descansou. Chorámos a sua partida. Agradecemos a sua vida.

sábado, 25 de novembro de 2017

Espantos

Um dia, tive o espanto feliz de ver esta pequena esquina destacada na sua rubrica blog da semana. Como era possível?... pensei. Um espaço tão insignificante como o meu…


Hoje tenho o espanto triste de saber que partiu. Como é possível?...penso.  O desaparecimento de alguém que se admira, mesmo não conhecendo pessoalmente, toca-nos como se fosse próximo. 

sábado, 4 de março de 2017

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

As gravatas do rei

No início da década de 80 do século passado fui estudar para Lisboa.  Estudava e, para conseguir algum dinheiro que ajudasse a compor a mesada que recebia dos meus pais, trabalhava numa loja ao fim de semana.

Era uma loja de roupa masculina no Centro Comercial Imaviz, daquelas que davam para o exterior, na Fontes Pereira da Melo. Lui era o nome da loja.

Não posso dizer que me interessava por futebol nem que na minha meninice via o Eusébio jogar. Mas posso contar que, enquanto empregada de balcão, o atendi algumas vezes. Lembro-me de lhe vender gravatas. E é  isso. Eu vendi gravatas ao “rei”.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago,1922-2010

Antes da minha filha ter nome, o meu colega J. que andava na altura da minha gravidez a ler o Memorial do Convento, resolveu passar a chamar a minha barriga, ou melhor quem nela crescia de Blimunda Sete-Luas. E todos os dias trazia à baila essa fantástica personagem que no entanto, só muitos anos mais tarde eu haveria de conhecer. Antes dela conheci outras histórias e evangelhos e depois dela algumas outras, entre cegos e elefantes. Falta-me ainda conhecer muitas. Mas não há problema…tenho até à eternidade.