Era
para contar do estado do céu pelas dezassete horas e trinta e seis
minutos, quando conduzia na rotunda elevada da variante a Faro da
nacional cento e vinte cinco, das cores que tinha, das nuvens a
norte, da bruma que envolvia a lua cheia que já se destacava a
leste, das luzes da cidade e dos faróis dos carros que já se
acendiam. Mas isso não interessa nada.
Era
para contar da minha pressa em chegar a casa, em trocar a roupa de
trabalho pela do ginásio, em calçar as sapatilhas, em comer uma
mão-cheia de frutos secos, em sair rumo à aula de dança livre,
assim em português, tradução livre, só para não dizê-lo em
inglês como vem no programa. Mas isso não interessa nada.
Era
para contar dos ritmos loucos, das músicas que, como me dizia uma
das participantes na aula, nem gosto muito – algumas nada – de
ouvir habitualmente e que ali seguimos alegres, em saltitantes
coreografias, rebolando o ventre, agitando as ancas, elevando os
braços, sapateando convictas. Mas isso não interessa nada.
Era
para contar do regresso a casa, já noite erguida – erguida para
contrariar aquela cena da noite que cai – com a lua brilhando bem
alta e eu escorrendo em suor, de faces vermelhas que nem pimentos,
ansiosa pela água morna do chuveiro que dali a cinco minutos me vai
acolher e serenar. Mas isso não interessa nada.
Fico
assim, então, sem nada para contar.
ahahahahah
ResponderEliminarTens que escrever um livro!!! para contares sobre essas tuas "peripécias".
O “sobre” ali está a mais...
EliminarCoitados dos leitores... :)
EliminarUma mão cheia de "não interessa nada" que uma após outra despertam sorrisos. A senhora é uma contadora de histórias :-)
ResponderEliminarBoa noite
Quem me dera, noname.
EliminarObrigada. :)
Está agora explicado porque motivo as calças que tinhas na mão, no outro dia, eram de tamanho 34/36...mas, claro, isso agora também não interessa nada! :)
ResponderEliminarBoa semana, Luísa! :)
Ahaha... Eu que não tenha cuidado, não, que lá se vai o 34/36.
EliminarBeijo, Janita. :)
Eu conto - 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. Quer que eu conte mais??
ResponderEliminarConte, sim, Pedro. E acrescente um ou mais pontos. :)
Eliminar... e tudo contar!!! 🤔🤗
ResponderEliminartudo de pouca valia, Gracinha. :)
EliminarQue bela e original técnica narrativa.
ResponderEliminarEu também penso muito mas não chego a dizê-lo!
Não sou de ginásios mas até me faria bem!
Abraço
Estive muitos anos sem frequentar o ginásio, Rosa dos Ventos. Recomecei há muito pouco tempo, mas faz-me bem. :)
EliminarE não contou nada... Que faria se contasse, kkkkkkk. Muito bom :))
ResponderEliminarBjos
Votos de uma óptima Terça - Feira.
Fiz de conta, Larissa... :)
EliminarOh que pena, Luísa, assim ficámos sem saber nada do que fez ontem; e se nós somos cuscas... mas não faz mal, conta para a próxima ;)
ResponderEliminarBeijinho.
⚘
Não sei se vou conseguir satisfazer essa curiosidade, Maria. :)
EliminarEstava a ser irónica, pois a Luisa contou tudinho 😊 até contou que viu a lua cheia...
EliminarBoa noite :))
O sem interesse das coisas é que torna a vida interessante:)
ResponderEliminar~CC~
O interesse das coisas é variável, CC. Depende de como o pintamos, ou dos óculos que usamos. :)
EliminarO que não interessa nada, por vezes, contraria a estatística dos gostos da sociedade!
ResponderEliminarEu gostei muito da prosa, mas isso não interessa nada. :)
Beijinho.
Já a mim, interessa esse gostar. Obrigada mz. :)
EliminarNada é indiferente
ResponderEliminarquando se diz
Bj
E vale dizer o que se sente, Mar Arável.
Eliminar:)
Olá Luísa, não querias contar ! mas contaste, e ainda bem, assim ficamos a saber !!!
ResponderEliminarSe gostaste de saber, tanto melhor, Ângela. Sempre é um conforto saber do agrado que estas trivialidades provocam.
Eliminar:)
Olha, se tivesse que contar!:)
ResponderEliminarÉ tudo tão trivial, sempre. Mas, se contarmos o trivial como a Luísa o faz, fica logo outra coisa. Ainda que eu ame trivialidades.
A bea bem sabe que aqui não se passa nada, só trivialidades mesmo. :))
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