Costumava vê-la passar com frequência naquela rua. Tinha um andar cadenciado mas decidido. Levava o cabelo escorrido a bater-lhe pelos ombros. Era preto e tinha risco ao meio. Levava as mãos a abanar ao longo do corpo. Não tinha saco, nem mala, nem carteira que lhe pesasse. Vestia sempre umas calças e uma camisola de malha por cima das mamas grandes e pendidas sobre o ventre. Caminhava como quem sabia, com a maior de todas as certezas, o rumo que seguia. Esticava o queixo para a frente, voluntariosa. Mexia por vezes os lábios num diálogo surdo com o vento. Via-a sempre assim, caminhando sozinha, sem fardo. Eu ia de carro, em sentido contrário ao daquela mulher que, vezes sem conta, percorria o passeio da mesma rua. Há várias semanas que não a vejo. Acho que se tornou invisível.
Com o calor pode ter mudado de roupa, pintado o cabelo et voilá, já não a reconheces... :)
ResponderEliminarGostei muito do vídeo ali "embaixo"!
Beijocas e bom fim de semana!
Às vezes dá jeito :)
ResponderEliminarAdorei a ironia do seu texto.
Bjos
Obrigado, Luísa... obrigado pelo magnífico texto aqui partilhado!
ResponderEliminarUm grande, enorme e sentido abraço.
Mudou de percurso... : )
ResponderEliminarTété e Catarina,
ResponderEliminarQualquer uma das hipóteses é verosímil...:)
Fê,
Verdade! Dava mesmo jeito. :)
Ana Paula Fitas,
Obrigada pela gentileza :)