Não compres caldo verde pronto a
usar. Não gosto, disse-me. A couve tem de ser cortada à mão. Tiras de couve
calibradas, não têm o mesmo sabor, falta-lhes humanidade, falta-lhes arte.
Aqui estou, portanto, com um rolo
de folhas verdes bem lavadas, com talos desbastados, bem apertadas umas contra
as outras. Seguro-as sobre a tábua branca e a cada corte de faca ouço-lhes os
gemidos. Com toda a arte que me ocorre
na ponta dos dedos, volto a apertar o rolo sempre que ele afrouxa. Ajeito-as e
volto a cortar. Algumas tiras quase se desfazem de finas, outras abusam da
minha falta de jeito para o cálculo da distância entre uma e outra facada.
Acabo um rolo e logo formo outro. Uma, duas, três ou quatro folhas, umas
sobrepostas às outras e lá as vou eu de novo enrolando. Prossigo o corte até à
necessária quantidade. Escaldo as ripas com água fervente. Depois de domadas e
devidamente escorridas, seguem obedientes para dentro da panela. Não compro caldo verde pronto a
usar. Finjo-me de artista.
Quem me dera ter essa perícia :)
ResponderEliminarPois eu, que não tenho paciência para essas actividades artísticas, compro as folhas de couve, para caldo-verde, já cortadinhas, lavadas e embaladas. A minha veia artística não vai além de as ouvir gemer sob a água fervente e após bem domadas, entram moribundas para dentro da panela, onde a batata também não necessitou de malabarismos com o uso da faca. Uso puré de batata em pacote...:)
ResponderEliminarBeijos e boa semana,Luísa!
Eu, como tenho as couves na horta, é só apanhar e com aquele carinho que sabemos, cortá-las na maquineta... Também gemem, looool Adoro caldo verde.
ResponderEliminarBeijinhos
Boa noite!
Cozinhar é uma arte! E, como todas as artes, se realizadas com amor, permanecem encantando e saboreando...
ResponderEliminarAbraço.
Também não compro; mas acho que é porque nunca faço caldo verde:). Uso esse jogo de corte com o feijão verde, mas como não pertenço ao número dos perfeccionistas, sai como sai. Quem não goste, pode sempre tomar o meu lugar na cozinha.
ResponderEliminarBasta juntar água não é a minha ideia para um bom caldo verde.
ResponderEliminarSim, sou bota de elástico.
Faz muito bem Luísa e a arte treina-se também.
ResponderEliminar~CC~
Adoro. Mas prefiro comprar a couve já preparada :))
ResponderEliminarHoje: - Magia sem sumo
.
Bjos
Votos de boa Terça-Feira
Como gosto de caldo verde mesmo com couve desalinhavada.
ResponderEliminarBeijo
Cortado na hora tem outro sabor!
ResponderEliminarbj
Cortado na hora tem outro sabor!
ResponderEliminarbj
A Luisa realmente escreve bem. É uma espécie de mestre da arte do parágrafo.
ResponderEliminarConfesso que também migo eu próprio as folhas do caldo verde e é de facto uma operação cheia de minúcia, que nos ocupa o espírito completamente.
Cozinhar é uma arte de agradar e demonstrar o nosso apreço ou amor pelos outros. Portanto, migar o caldo verde à mão para fazer uma boa sopa é mais ou menos a mesma coisa do que nos perfumarmos antes de receber alguém em casa.
Bjos
GM,
ResponderEliminarPerícia, nem tanto. Treino, talvez. :)
Janita,
Eu também sou adepta de soluções rápidas e práticas, mas com caldo verde não dá. Era reclamação, na certa. :)
Cidália,
As minhas couves são também da horta, mas não tenho maquineta. :)
Célia,
É uma arte sim, para quem a tem. Eu só finjo. :)
Bea,
Sopa de feijão verde é que não faço há muito tempo. Também deve servir para testar a “arte”. :)
Pedro,
De facto. Um caldo verde tem que apurar… :)
CC,
Exato. É uma questão de treino. O pior é quando entra em cena a preguiça, coisa que me acontece com alguma frequência. :)
Larissa,
É meio caminho andado. :)
Pérola,
Desalinhavado é muito bom. :))
Gracinha,
E outro valor… :)
LuisY,
Oh... muito obrigada.
Gostei da sua associação do cozinhar com a ideia do amor. :)
Caldo verde, sempre com a couve migada à mão. É dos livros :-)
ResponderEliminarnem fã nem fanático do caldo verde...
ResponderEliminar