A tarde chegava ao fim e Cecília
observava a tonalidade rosa que o céu ia adquirindo à medida que o sol desaparecia
no horizonte. Era bonito. Gostava de ver aquela declinação de cores, a
transição do azul para cinza rosado, meio esfumado, para o lado nascente e o
tom mais dourado, quase chama alaranjada, que chegava a ofuscar, a poente.
Cecília observava o fim de tarde,
debruçada na janela. Vivia só. Já não tinha pai, nem mãe, nunca tivera filhos e
já não os teria. Nem primos sequer. Cecília estava no fim da linha e, deu por
si a pensar que, ao contrário do sol, que renasceria sempre no dia seguinte, ninguém
estaria cá para continuá-la no dia seguinte ao seu derradeiro fim de tarde.
Muitas vezes dou por mim a pensar como a Cecília...
ResponderEliminarTenho a certeza que a Cecília, com a sua sensibilidade, deixou uma marca no coração das pessoas com quem conviveu e que essa marca passará de pais para filhos, perpetuando essa característica. Quem sabe se, daqui a muitos anos, os filhos dos vizinhos de Cecília não contemplarão o pôr-de-sol à janela como viram os próprios pais fazer, depois de estes terem aprendido com Cecília. Fica cá sempre mais de nós do que pensamos...
ResponderEliminarQue texto tão bonito, luisa!
Que triste o pensar da Cecília! Tomara ela se anime! beijos, tudo de bom,chica
ResponderEliminarPobre Cecília, antecipando o breu. Talvez se engane...
ResponderEliminarBoa noite querida Luísa.
Magnífico e tocante poema...
ResponderEliminarA realidade de tanta gente!
Beijinhos.
Maravilhoso texoto. Gostei estar aqui.
ResponderEliminar~~~
ResponderEliminar~ ~ Oxalá
~ Cecília tenha muitos amigos,
pois a sua qualidade de vida é,
realmente, o mais importante.
~ Em jeito de reflexão, um texto
conciso, de grande humanidade.
~ Excelente, Luísa.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarretrato do quotidiano.
ResponderEliminarmuito bem retratado
excelente.
Alguém há-de recordar os olhos de Cecília, nesses dias em que se debruçava à janela.
ResponderEliminarBeijos, Luísa. :)
Quantas "Cecílias", por esse pais fora ! ... O isolamento triste e quase constante de tantos ! ... até que há um dia que é o derradeiro e não mais fins de tardes !
ResponderEliminarMuito bem escrito Luisa e um tema chocante !
Beijinhos !
Muito bonito, muito bem escrito, mas deixou-me assim com os olhos vidrados e com um nó na garganta...
ResponderEliminar(mesmo com filhos e netos e assim...)
Olá, Luísa. Penso que todos temos medo da solidão ao final da vida. Um abraço!
ResponderEliminarOlá, Luisa.
ResponderEliminarTantas Cecílias por esse mundo fora... um dó no coração.
bj amg
Cecília há-de ficar numa palavra que escreveu, numa receita que deixou, numa foto que tirou.
ResponderEliminarUm beijo, querida Luísa.