Fui guardando aquelas palavras aos poucos. Juntei-as uma a uma para poder depois combiná-las. Seriam emparceiradas à medida dos sentidos. Na melhor forma que encontrasse, eu as disporia lado a lado. Ou então em camadas regulares. Talvez pudesse também formar alguma diagonal que, ao de leve, quebrasse o equilíbrio. Guardei-as com cuidado, sem as apertar demais, com medo que se amolgassem umas contra as outras. Guardei-as durante vários dias, cobertas por um véu de pensamento. Esperava que chegasse o momento. O momento certo. Mas hoje, ainda há pouco, quando a chuva voltou a cair sobre o asfalto da minha rua, dei por elas a escorrerem pelo varandim do pátio da entrada. A água levou-as rua abaixo. Empurradas pela corrente molhada, juntaram-se em monte junta à grelha do esgoto e giraram velozmente
Sempre ouvi dizer que:"palavras leva-as o vento".
ResponderEliminarMas estas...foram com a chuva.
:) Foi uma enxurrada, Kuka.
ResponderEliminarNão as guardaste bem, luisa! : )
ResponderEliminarSe calhar ainda bem que não foram usadas, Luísa ;)
ResponderEliminarA chuva também serve para nos limpar a alma!
Catarina,
ResponderEliminarSe calhar esqueci-me de trancar a porta...
Sofia,
Verdade... limpa a alma, arrasta resíduos e depois da chuva, vem o sol. Como hoje, que amanheceu com um céu claro... :)
Às vezes também me fogem as palavras. Levadas pela chuva ou pelo vento... mas muitas dessas vezes, passado o período de indignação ou de revolta, fico feliz por as ter perdido.
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